08 de junho Meu querido Rick, eu sei que... Audrey P.B

08 de junho
Meu querido Rick, eu sei que prometi que não ia mais te escrever, e você sabe como essas cartas são humilhantes para mim e dolorosas- porque o amor sempre tem um quê de dor-, mas eu não pude evitar...a saudade apertou e eu não tive outro recurso senão escrever. É que escrever alivia o peso de minha alma, lava as feridas e me ilude fazendo eu pensar que um dia você lerá esses pensamentos tolos que escrevo. Os dias têm sido bons na escola, e eu achei um jeito de conseguir minha alforria e fazer os garotos não me baterem mais. Claro que isso envolve passar cola para eles, e sei que não é certo, mas é a maneira que eu consegui. Ah, e tenho feito tantas amizades, como Paloma. Queria que você tivesse a oportunidade de conhece-la um dia. Já é começo de junho e começa a esfriar, com o outono dizendo “au revoir” de maneira sutil a todos nós. Eu adoraria lhe falar de pontuação, embora você, como a maioria das pessoas, odeie português e não consiga entender a beleza da nossa língua. Ok, talvez eu não lhe explique a função de cada um, mas eu apenas lhe digo que tenho colocado vírgulas demais nesse amor que sinto, tenho dado pausas demais, separando termos e rezando para que as coisas deem certo um dia, quando deveria colocar logo um ponto final e finalizar isso tudo; essa agonia, esses sentimentos, essas cartas sem sentido que você nunca vai ler. Você me arrancou pontos de exclamação demais, fazendo meu mundo ter mais emoção, mais vida, e eu agradeço por isso, mas agora chega. Quer dizer, tem que chegar, porque eu não posso amar você para sempre. Eu só não sei como se para de amar alguém e segue sua vida, apagando memórias e sentimentos, como quem passa uma borracha em tudo. Ah, mas estou farta, muito farta de lhe amar! Estou farta como Ana Carolina na música “Vai”, que parece que foi feita para você, porque eu quero te expulsar meu coração, mas não consigo. Eu nem sei o que fazer com esses versos, esses versos que explodem dentro de mim, como um tsunami. Tudo bem, vou parar com a bobagem que foi essa carta, e eu gostaria de usar um ponto final e enterrar você para sempre, mas por enquanto eu só posso lhe oferecer um ponto de interrogação, um “será?”, um “talvez?” como uma pergunta do tipo: e será que desta vez vou te esquecer?
-Annie.