Precisamos aprender a não julgar, ser... Arcise Câmara
Precisamos aprender a não julgar, ser imparcial, não se importar com o que dizem, o que vestem, como se comportam, mesmo que isso nos atinja de alguma forma, porque geralmente arranham a pele certos comportamentos, mas esses arranhões são projeção, é a exacerbada vontade de que o outro se comporte segundo as convenções, segundo a nossa maneira de viver. Sim! O outro tem que pisar em ovos por minha causa, tem que saber que com atitudes pares ele me desrespeita, tem que se colocar no meu lugar. Tem que estar disposto a se curvar diante do meu eu, do meu pensar, do meu retroceder.
Isso é parte da minha característica sonhadora, do sonho de que antes de tudo é preciso cautela, se estou usufruindo dois espaços, alguém fica no aperto, se estou com mais, alguém tem de menos, se erro, alguém se machuca ou é prejudicado.
O trem não pára, a vida segue, as estações mudam e se transformam, hoje é mais quente que no verão passado, amanhã menos frio que no inverno anterior.
Procurar entender o outro. Procurar olhar com os olhos do outro.
A gente também se julga, se acha gorda, incapaz, de sorriso amarelo, dentes tortos, baixa, falastrona, esquisita e egocêntrica. Tem muita gente que nem vê os nossos defeitos, a gente é que aponta, faz questão de alardear.
A gente se acha menor, ridícula e chata no comportamento, se acha incapaz de dar certos passos, às vezes até de caminhar com tranquilidade, mas o pior julgamento é sentir que mereceu a humilhação, o assédio de toda espécie, a porrada, as agressividades. Não se julgue merecedora de barbáries, de delinquência, de atos covardes de coronelismo, não permita que ninguém destrua sua autoestima.
O julgamento soberbo também não tá com nada, aquele que eu me julgo superior, melhor que outros mortais, caracterizando-os como seres de subespécie, discriminados por ser pobres, pretos, velhos, mulheres ao volante, aidéticos, homossexuais.
Não podemos tratar todos como iguais, o filho do meio não tem o mesmo temperamento do filho mais novo, ou do primogênito. São características diferenciadas, são como os dedos que pertencem à mão, casa um de um tamanho, com uma função. O seu amor não é igual ao seu primeiro namorado, naquela época despreocupada em que aparentemente não havia brigas.
A grama do vizinho não é tão verde quanto aparenta, é a pose do estamos-sempre-felizes. Pára tudo! A vida é cheia de recomeços. Felicidade 100% a todo o momento em todas as áreas non ecxiste! Pode até ser que você seja 99,9% feliz, mas vai ter sempre um calo, um arrependimento, um jeito torto de responder, uma preguiça, a avareza ou alguns dos outros 5 pecados capitais.
O julgamento não compensa, acho que é a raiz de muitos problemas, o engessamento das nossas capacidades, o foco nos defeitos alheios, os entraves dos relacionamentos afetivos.