Um ano que passa. Um fremir do vento que... Monalisa Ogliari
Um ano que passa. Um fremir do vento que leva. Dias, meses, primaveras. Tudo é tão vasto. O tempo passa no tempo que fica. Somos esse livro que o vento escreve. Desafio de se deixar levar. E ter na face refletida o tempo ido. Tristezas e alegrias. Nada permanece no espaço. No entanto, somos história. Cada ar que respiramos escreve o nosso tempo. Cada pensamento que temos escreve essa existência. Rajada de uma tempestade colossal. Leve como a brisa. Leve como um passo silencioso na noite. Longo como um dia de sol. Tudo é a mesma essência. Inquietude ou efervescência. Passar e permanecer é a lei. Tudo recomeça. Não no calendário. Nossas almas recomeçam a cada instante. Basta um sentimento e já não somos os mesmos. As palavras tentam reter os ponteiros. Mas o relógio é como a ressaca no mar. Sutilmente leva o que tentamos deter. Vivemos, sonhamos, sentimos. Escrevemos cada página do nosso livro. Em cada imagem da retina. Tudo existe e nada passa. Nada é estático. Mas nada se esvai. Viver é aprender a ser e não ser. A arte de estar. Quando tudo passar. Hoje faz sol e faz frio. Neva e queima. Hoje somos além. Tudo é o mesmo sumo. Somos eternos em nossa fugacidade. Em um ponto qualquer da cidade. Um ano que passa.
Monalisa Ogliari