Não esperem de mim grandes discursos,... Susanna Almeida
Não esperem de mim grandes discursos,
minha oralidade, trago, não nos lábios,
mas nas mãos...
Faço destas, instrumentos que esvaziam minha alma,
e liberam tantas quantas toxinas
tenham meu corpo tomado...
Como uma faxina em meu espírito,
lavo-me!
Liberto-me de dores efêmeras que vêm
e, que se sabe, passarão...
Tudo passa afinal,
e no fim, tudo é passado!
Mas passado, deixa rastros
Ainda que por instantes,
como furacão que tudo arrasta...
E nos deixa a ver navios
em um porto imaginário.
Preparado estrategicamente,
apenas e tão somente,
enquanto durar nosso torpor.
Minha oralidade, trago, não nos lábios,
mas nas mãos;
não esperem de mim o que não posso dar...