Sofrência - Sofrer com Frequência... Antonio Carlos
Sofrência - Sofrer com Frequência
Estado de constante paúra, impressão de que está num pegajoso lodaçal o qual não consegue safar-se,
terreno pantanoso: quanto mais se move, mas se envolve no imobilismo que agasalha o ser, tal como numa camisa de força que o prende e atordoa.
A sofrência pode ocorrer em pessoas, através de males desconhecidos tidos como incuráveis ou raros, deixando o portador a mercê do improvável.
No entanto acredito que o maior fator de sofrência ocorre a partir da depressão: doença silenciosa que age no indivíduo a partir de derrotas, decepções, expectativas não concretizadas das quais não se consegue superar para aperfeiçoar e alcançar objetivos desejados. A decepção num primeiro momento ocorre quando o portador resolve ignorar por não aceitar a realidade do qual não fora desejada, começa a planejar maneiras de ("dar o troco")respostas como fator de sentimentos negativos(ódio, raiva, vingança) para elevar o próprio ego.
Em outras pessoas o sentimento de rejeição para ação da depressão, ocorre ao menor pressentimento de julgar-se abandonado, perseguido pela ação divina. A partir daí os caminhos se fecham, tudo é motivo de reclamação e sensação de ser alvo para todo tipo de maldade. Neste indivíduo a vida não tem valor e todo tipo de ação é justificado pela própria maneira de auto-subsistir.
Na vida agitada dos tempos modernos a depressão pode estar presente na vida de qualquer pessoa em menor ou maior grau. Sempre há cobrança de produtividade, aumento de competitividade. A velocidade de informações é cada vez maior promovendo uma plena globalização com contatos imediatos com culturas até então fechadas, proibidas, prevervadas. Os caminhos se abrem muito rapidamente sem que haja preparação plausível do indivíduo para estes novos desafios. As pessoas se robotizam rapidamente e seguem instruções determinadas sem senso ou juízo de ação que permita haver interação com seus próprios valores emocionais-espirituais.
Não temos tempo para nada, os dias se seguem numa sequência de atos e fatos controlados, muitas vezes alheios à nossa própria vontade, mas a vida segue no desejo de permanência da própria subsitências(e de seus dependentes)
A depressão começa a tomar corpo quando a pessoa passa a desprezar e desvalorizar os próprios valores humanos e não mais se importar com as evidências e ocorrências de qualquer tipo de ação maléfica, entra na fase do: "tanto faz", por esvaziamento da própria crença na vida.
A depressão entra na fase critica quando a pessoa, enxerga sua própria situação mas não consegue mais se safar, pois quando se olha para seu próprio interior encontra apenas um enorme vazio: sem valores morais-espirituais, não tem objetivos, anseios, não consegue vislumbrar nem ao menos o minuto seguinte. A vontade que tem é apenas de dormir, permanecer na inércial enquanto sente apenas uma enorme chama a lhe corroer o interior. A dor é enorme mas as forças são insuficientes para qualquer reação. Difícil mas não impossível a reversão do estado depressivo que deve contar sempre com a ajuda de alguém que inspire confiança da pessoa bem como forte vontade do deprimido em superar o estado e estágio crítico que beira ao esfacelamento da vida e larga possibilidade de óbito.