- O amor é igual a chaves e fechaduras.... Arthur Feitosa
- O amor é igual a chaves e fechaduras.
- Como assim chaves e fechaduras?
- É simples. Algumas pessoas nascem com chaves e outras com fechaduras. Porém há poucas chaves para cada fechadura. Há fechaduras em tons de cinza, outras de paetê. Fechaduras escancaradas e as que mal se vê.
- Eu não entendo...
- Fechaduras estão à espera. Chaves à procura. Como crer nas almas que René disse existir. Vos digo, mais do que alma, chaves são espíritos. - Quando alguém que possui chaves encontra a fechadura encaixável, ela deve pensar bem antes de querer entrar, pois tal chave é descartável e uma vez utilizada, não é mais válida. Se quiser entrar, será bom que more lá. Que envolva-se nos lençóis de seu aposento.
- Mas se eu não gostar de lá, poderei sair?
- Ah. poderá sair sim! A questão é que suas coisas continuarão lá. Junto com seus fiascos e alguns estribilhos próprios que não poderá recuperar.
- Então é assim que funciona?
- É isso mesmo. São as chaves que fazem existir as fechaduras. Pois numa inexatidão de escolha, seus fiascos e estribilhos serão sintetizados, gerando um pouco mais de espírito na alma da sua antiga fechadura.
- Ora, como vou fazer para tirar minhas coisas de lá?
- Não se preocupe, vem um faxineiro chamado 'Tempo' que tirará tudo que foi deixado. As vezes recebe ajuda de outra pessoa que por acaso entrou lá e resolveu permanecer. Você terá tudo de volta e poderá levar até outras fechaduras. Mas uma coisa você terá que deixar...
- Que coisa?
- As lembranças. O que foi escrito com a alma, ficará lá para sempre.