O sono não veio como de costume talvez... Marcio Barros

o sono não veio como de costume
talvez por que deixei a porta aberta ou por que estava cansado demais para o regalo
quem sabe ...
com lesividade os ponteiros mudandam de posição
e esse silêncio noturno me incomoda
já não há pessoas na rua
algumas nuvens no céu
a brasa do cigarro parece um sol
solitariamente, um gato busca no lixo um motivo
todos reviram lixo.
uns na rua outros na cabeça ...
tenho tantos pensamentos dos outros em mim que nem lembro quem sou
também não faz diferença

queria tanto um veneno diferente
uma dose lunar
ou um solidário sol na noite ...
acho que já falei de sol...
falei, entretanto o cigarro apagou
estou sem fósforos
acendo outro na minha cabeça
antes tivesse fogo no coração
não tenho mais ... choveu muito no meu peito

o gato foi embora ...
eu fiquei
podia chover lá fora
em vez de veraniar nesse outono
estou com fome
nesse mundo sem repasto
caia bem alguma poesia
e um cobertor

paúra demais
saúde de menos
talvez uns passos ou um banco na Praça
espero que a cama me receba como amante
pois os olhos estão pesados de tanto pensar

esperto foi gato que deixou seu lixo na rua
o lixo da minha cabeça eu continuo a levar