Mãe que liberta Aos poucos me tornei... Shirley Morata

Mãe que liberta

Aos poucos me tornei desnecessária,
Te tirei do aconchego de minhas asas protetoras,
Onde te protegia da vida lá fora.

Aos poucos vi você abrindo suas asas,
Lançando-se aos primeiros voos,
Enquanto daqui de baixo via suas asas intranquilas se abrindo,
Se expandindo...
E aos poucos a segurança surgindo, de seu próprio voar.

Missão cumprida, pensei.
Pronto já estava para traçar seu próprio rumo,
Escolher o percurso,
Superar os medos,
E finalmente cortei o cordão umbilical.

Agora outro cordão mais forte surgia,
O cordão do amor incondicional sem apegos,
sem cobranças, sem correntes.

Agora não mais com o impulso de ser a que te protege dos perigos, das angústias,
Mas aquela que espera os novos ciclos, novas famílias,
novos tempos.

Agora sou eu quem abre as asas,
Com a certeza que dei meu melhor,
Que embora tenha errado, fiz tudo por amor,
Amor de mãe,
Pedacinho de Deus na Terra,

Agora eu aguardo sua volta,
Mas que seja quando quiser,
Quando precisar,
Ou que seja seu vir,
Tão somente, tão amorosamente pra me abraçar.

by Shirley Morata