Confesso, nunca fui um guri caprichoso.... André Saut
Confesso, nunca fui um guri caprichoso. Meus cadernos tinham orelhas que como as minhas, minha Mãe limpava, e carinhosamente encadernava, deixando-os novinhos. Até porque dentro, as folhas sempre estavam ótimas, branquinhas e limpinhas para desenhar ou escrever. Hoje quando acordei, notei que a capa do meu rosto já está velhinha, meia enrugada e com orelhas (elas crescem com a idade). E não dá para colocar outra, ou encadernar, tenho que ir com esta até o fim do curso, até o fim da vida. Mas o que sei é que por dentro, ainda tenho um monte de folhas em branco para escrever novas histórias, novos começos, com dois ou três finais diferentes se a criatividade e a coragem permitirem. E nas que já escrevi, li de memória varias histórias divertidas, de aventuras, algumas até tristes, mas todas muito bem aproveitadas. A vida, dá para ler na cara do livro, na capa do rosto, nas rugas bem ou mal escritas, gravadas pelos sorrisos, nos rascunhos que as lágrimas mancharam de tinta da saudade. Mas o melhor de tudo é quando aparece alguém com o seu caderno cheio de orelhas e te deixa ler e compartilhar as histórias escritas em suas páginas, em sua vida. Então meu amigo, minha amiga, tem um caderno velho aí para eu ler?