PENUMBRA Madrugada fria Paredes... Paula Monteiro

PENUMBRA

Madrugada fria
Paredes dançando delírios
Quarto amontoado de gritos
Me lanço num mar de lágrimas
com o peito ofegante, trepido e aflito .

O vento ficou mudo
A lua não apareceu
O céu não acendeu os astros
E as nuvens cinzentas me anunciam sorrindo :
- Não há outro lugar para ir
Mistura-te aos humos
Passeias nesse campo minado
de confusões,caos amargos e desvarios.
Mata de uma vez a sede dessa histeria
que sangra teus delírios.
Alimenta-te desse vazio.
Embriaga-te .

Mãos atadas e sem enxergar mais nada
A tranca da porta de saída
faz abrigo dentro de mim .
Vigília de neblinas rondam meus sentidos
e o mar inteiro de lágrimas domam meus olhos
Me rendo a dor dessa tal ferida.
A tristeza passeia com lucidez
inundando toda minh'alma.

Aves sobrevoam tontas
Borboletas viram lagartas
E pela fresta da janela
cardume de lágrimas saltitam
in rodopios
Entrego-me
Não há como fugir ...

Então
Acendo a lareira da agonia
Deito-me no leito do espinho
e a desilusão embala meus sonhos
nesse chão movediço ,relento e sombrio .