Entre inocência e perversidade o ser... Cabral Sousa
Entre inocência e perversidade o ser humano aprisiona a si mesmo. Há tanto medo em libertar palavras que há muito prazo sofrem cativas, receio que o medo nasça do pretexto de cometer algum equívoco, não percebendo que o cometemos exclusivamente quando hesitamos em viver. Privar os sentimentos de serem expressos é amordaçar a alma. Deve preocupar-se em existir de forma plena e incerta. Levar consigo a dádiva de conhecer apenas o passo e não o caminho todo. O que seria a jóia do sonhador, senão o amanhã; a do pecador, senão a paz; a dos seres livres, senão o verde; a dos pássaros, senão a perfeita afinação; a dos poetas, senão um amor que não há de esvair-se; e a minha? Bem, até ontem, serias tu.