Moça, sai do telhado, não vê que é... Nanda Ribeiro
Moça, sai do telhado, não vê que é muito nova pra brincar de morrer?
Diga-me o que se passa aí dentro, o que te aborreceu dessa vez?
Desce daí e venha aqui, tenho um ombro pra lhe oferecer. Pode não ser muito, mas sei que é o que procura.
Há um Deus lá no céu que tudo vê, não se esqueça. Ele é como a mãe da gente, que nos obriga a levar um casaco pra rua porque sabe que vai chover.
Ele sabe bem o que faz, foi Ele que me trouxe aqui.
Então por favor, desça daí que a vida é uma só.
Não desperdice seu tempo com joguinhos banais, que não vão acabar com a tua dor. Isso é ilusão. Não se corte mais.
Eles tentam fazer você acreditar num mundo melhor, onde a dor não exista. Mas eu te digo aqui, “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo”.
Então venha, eu quero te ouvir.
Não olhe pra baixo, aí é muito alto.
Desça que vou tentar te convencer, que a vida é Deus.
Ele nem sempre nos dará o que pedimos, mas nos concederá o que precisamos.
E tudo bem ser assim. Estaremos no lucro.
Sua alma é linda demais pra brincar de morrer.
Venha viver, a vida pode ser melhor. Desça pra crer,
Moço, não sou de ferro, ninguém é de ferro. Talvez eu esteja mesmo programada pra cair.