Fio que o destino se deu assim...... Múcio Bruck
Fio que o destino se deu assim...
Furtou-me as melhores vividas histórias passadas
Que foram, quiçá, as sobreviventes da meninice
As memórias que jazem poucas e todas frágeis
Que se ascendiam apenas em lembranças confusas
Porque, senhor de meu destino?
Porque levastes pra longe os mais amados?
Que nos lúcidos dias, me foram estrelas e portos
Lugares seguros, na crença do encontro imaginário
Irmãos? Esses sim! Por encanto, de mim se pouparam
Tal qual aquele que na vida, um dia me antecedeu
Por isso, tenho com ele somente no conflito insano
Incessante, nos delírios que habitam no olhar de meu eu
E os muitos outros que em face de meu desatino
Me trazem o pesar da inércia na pressa do adeus
Sem se darem conta que, por si mesmos, em pronta decisão
Ganham a lamentosa incapacidade férrea do estender a mão
Não há reflexão ajuizada num vazio tão vago... sem cor
Uma tatuagem imaginária, gravada em desencanto
Que no tempo de certeza de uma breve emoção se esfumaça
E o vento que tudo leva, leva o amor ferido, quase morto
Olho quartos habitados por muitos estranhos eu's
Cada um, sem semente, em fraternidade ausente
Não nego a verdade que por teima, se revela em mim
Desde o berço, até hoje, onde aqui, se inicia o fim...