Primeira lembrança? Meu pai saindo da... Tainá Cruz
Primeira lembrança? Meu pai saindo da loja com um conjunto de camisa, short e meias. Que dia feliz foi aquele! Depois vieram muitos momentos incríveis, maravilhosos. Todos guardados na memória e no coração. Lembro-me da época que na TV só passava um jogo e, quando era o do adversário, tínhamos que ouvir pela Rádio Sociedade. AMAVA. A emoção de ouvir pelo rádio não tem descrição. E que ironia, hoje o que mais faço é ouvir devido ao excesso de compromissos que me impedem de assistir ou ir ao estádio. Lembro-me do primeiro jogo que fui assistir num estádio, Carneirão. Da emoção. Da felicidade. Foram lindas Vitórias e derrotas aceitáveis. Foram muitas lágrimas de tristeza e de alegria. Suco de maracujá era a bebida do domingo. Foram fogos, risadas, orgulho. Fora batidas no chão, gritos, socos no sofá. Foram muitas revoltas, mas a única coisa que eu nunca tive foi a dúvida sobre o meu amor por ti.
Futebol é uma daquelas coisas loucas, sem sentido, irracional, que a gente sente um sentimento inexplicável e fica gritando por um bocado de homem (ou mulher) correndo atrás de uma bola, é um negócio que faz a gente xingar o juiz e ter vontade de entrar em campo pra dar uma carreira nele. É aquele negócio de ficar xingando pelo passe errado e, dois minutos depois, elogiar dizendo que é o melhor jogador do mundo. É passar raiva pelas injustiças, mas (algumas vezes) fingir que não foi mão na bola pq a gente não pode tomar gol. É sofrer antes, durante e depois. É aguentar piadas quando perde e caçoar quando ganha. É passar noites sem dormir de ansiedade e desespero, é dormir ao som do hino de felicidade. É ficar triste quando recebe um "você, infelizmente, não poderá ir para o jogo" e é chorar de felicidade quando seu pai chega e diz "comprei os ingressos, saímos as oito".
E ser Vitória é cantar o jogo inteiro, é sofrer até o último segundo, é puxar os cabelos e bater a cabeça no vidro do estádio quando perde o gol. É sair pulando no meio da chuva cantando o hino depois de mais um título e reclamar do juiz por sempre ficar contra nós. É caçoar do jahia por ser nosso eterno vice e ser lembrado que não temos título nacional. É lutar com garra, na raça, em todos os jogos. É saber que todo jogo é uma final e que nunca será fácil. É ir pro Barradão pela primeira vez, perder e, ainda assim, ser a pessoa mais feliz do mundo por realizar um sonho. É vestir a segunda pele, pintar o rosto, se descabelar, ficar rouca e, depois de tudo, gritar: É CAMPEÃO!