Nem uma lágrima. Talvez por que já... Helena Eduarda Rockenbach
Nem uma lágrima. Talvez por que já sangrei chorando demais durante o combate. Talvez por que o que estávamos fazendo já não era surpresa e sim rotina. E eu sabia, você sabia, todos sabiam que estava errado e nos recusávamos a aceitar, por que a dor de perder fala mais alto que a de aceitar. Eu, depois de relutar contra as lágrimas e lutar 75 rounds consecutivos contra o amor, acabei perdendo. Fiquei mais perdida e zonza do que já estava antes de entrar nessa luta. Apenas depois dessas 75 vezes reconheci que estava perdendo, e teria que aceitar a derrota. E aceitei. O problema, é que você viu minha derrota como uma desistência, para lutar contra outro, uma luta da qual eu já participava. Era o que tu dizia. Tu, depois de perceber que eu tinha me rendido, lutastes com tua maior força pra me por de volta no ringue e continuar lutando até a morte. Mas o que você não entendia é que de tanto meus ouvidos sagrarem de dor eles já não ouviam mais, e eu não te ouvi mais. até que uma hora, você aceitou a derrota , estranhamente havia dois lutadores e um, tarde de mais, também percebeu sua perda. Agora você ainda não querendo aceitar, mandou eu me desfazer das minhas medalhas e troféus, e me deu meus merecidos parabéns por ter atingido ele bem na ventricular novamente e por ter feito a mesma chave de braço de antes. Eu só quero que entenda que eu te amo e sempre vou amar, e é por isso que te deixei livre, para lutar e ganhar de quantos quiser, deixei livre , sem regras no jogo. Engraçado, parecia tudo um grande jogo, onde havia regras que toda luta tem. E essas regras são um desperdício de vida. Aproveite sua vida, viva com amor. Transforme toda essa fúria em adrenalina e va para o combate novamente, mas agora, não aceite derrotas.