Não parece um sonho, até queria que... Tainá Cruz
Não parece um sonho, até queria que parecesse, mas não parece. É tudo muito real. Infelizmente. Pois queria voltar para aquela manhã, ter te abraçado forte e dito que te amo, ter te pedido uma última benção. Acho que me sentiria melhor agora, me sentiria melhor se eu lembrasse do nosso último encontro. Mas eu não podia, não podia te pedir a benção, foi proibido, nem chegar tão perto assim de você. Você estava doente, agora eu entendo. Eu te entendo, vô. Te entendo, te amo e sinto sua falta. Dormi sabendo que dia era hoje e acordei com pessoas dizendo que você era especial. E você foi, é e sempre será. Porque o seu jeito marcou nossos corações e, nem se quiséssemos, poderíamos tirá-lo daqui. Lembro de momentos maravilhosos. Lembro de você piscando o olho e eu perdida sem saber piscar de volta, lembro de você brigando com os meninos quando eles me pirraçavam, lembro de irmos para a igreja e você ser ministro da Eucaristia, de falar sobre Febrônio na casa de vó Dinha. Eu lembro e, quando não lembro, eu recrio o que me contaram. De você amar as pedras que eu trazia, de almoçar comigo, de ser meu cúmplice em minhas bagunças. Meu Deus vô, como eu te amo, como eu sinto sua falta. Como eu queria te abraçar agora.