Há mais ou menos 6 bilhões de pessoas... Diego Galli
Há mais ou menos 6 bilhões de pessoas no mundo. 6 bilhões de corações batendo.
Ou não.
Hoje escutei aquele carro da funerária passando, anunciando um falecimento. Estava deitada em minha cama e enquanto escutava o nome de seus filhos sendo anunciados comecei a pensar sobre como esse dia não está sendo bom para eles. Mas não só para eles.
56 mil pessoas morreram hoje, sendo 10 mil de fome. 136 mil estão começando a vida agora. E os números não param de subir. É um número grande. Grande demais para pensar que hoje no mundo há um considerável número de pessoas tendo um dia de luto. E a gente aqui olhando pro teto, muitos de nós vendo a vida passar. Outros reclamando de coisas insignificantes perto de problemas maiores que outros possam estar tendo.
Nesse momento há muita vida em movimento, assim como há muitas vidas sendo perdidas. De muitas formas.
Uns por doenças infecciosas, outros em um acidente de trânsito. Suicídio. Malária. Câncer. Mães morrendo na sala de parto. HIV.
Mas há também aqueles que morrem vendo a vida passar. E quando você vê, já foi. Já era. A vida é todo dia. É cada milésimo de segundo. Quantos já não pararam pra pensar que ontem mesmo estavam planejando a viagem de ano novo e agora faltam 205 dias para acabar o ano. A vida ta passando rápido e a gente nem ta vendo. Muitos não estarão mais aqui até dezembro. Outros passarão o último dia do ano em uma cama de hospital, lutando pela vida. Alguns, em meio a bombardeios.
Um dia seremos parte da estatística.
O que está aqui hoje, pode não estar amanhã. A vida é esse susto que a gente toma quando sonha que ta caindo da cama. É um despertar.
Luto todo dia contra a minha ansiedade, que é a maior culpada pela minha falta de vida. De ânimo. Eu tô vivendo a vida com medo. Consumida pelo medo. Sendo engolida cada dia um pouco mais. Sonhos, oportunidades, mil maneiras de ser feliz hoje, sendo deixadas para depois. Um depois que nunca vem. Que nunca chega. E a vida vai passando e eu vou passando com ela.
Não há nada nesse mundo que nos faça ter segurança a cada passo dado. É um desastre em cada esquina. Mas a certeza de que cada um de nós está aqui apenas de passagem, é a grande segurança interior que possuímos para dar grandes passos para a felicidade.
E o dia que essa vida zerar, que a gente vá com a certeza de que o medo não nos envenenou. Que a gente sinta na alma o prazer de estar vivo. Enquanto houver vida.
O amanhã pode nunca nos pertencer.
Até o término desse texto foram mais 10 mil mortes, sendo 6 mil por fome e 19 mil nasceram.