Poema dos desnamorados Guardam fora o... Marco Aurélio Valente
Poema dos desnamorados
Guardam fora o que deveria estar dentro,
E de dentro perdem a visão do que está fora,
Mal enxergam o que está dentro.
Cegos em sua mais perfeita visão.
Tudo é turvo, embaralhado,
Desconexo, desordenado,
Sem conhecimento dos sentidos.
Quando tentam sentir se perdem, atrapalham-se, magoam-se;
E no que se ferem a auto busca acabam por ferir,
Afligir, fritando a alma de quem está ao lado,
De quem se importa e ama, nada mais do que se ama
Tudo além do que se ama, mais além, muito mais...
Ao frigir da alma, o amor infecciona e purula.
Entra em coma com infecção generalizada,
Morre logo em seguida, sem velório, na vala.
Nada restou da beleza original.
Mas eu acredito em reencarnação:
Reencarnação dos cegos de si mesmos,
Como a das vítimas de infecção.
Todos sempre têm outras chances.