Um aprendiz devoto sempre tentava se... Andrê Gazineu

Um aprendiz devoto sempre tentava se tornar próximo ao seu mestre que dizia, “não, não. Agora não.” A piedade era tanta que o mestre cansou de dizer, “porra! Ag... Frase de Andrê Gazineu.

Um aprendiz devoto sempre tentava se tornar próximo ao seu mestre que dizia, “não, não. Agora não.”
A piedade era tanta que o mestre cansou de dizer, “porra! Agora não!” e apenas acenava com as mãos indicando estar ocupado.
O aprendiz pensou por noites. Meditou. Se concentrou em si. Ponderou. Absorveu-se. Por anos, o mestre apenas acenava.
O aprendiz, tornado mais basto, se aproximou do mestre por uma última vez. O mestre fechou os olhos e disse, “sou ruim propositalmente. Afasto os que possam me gostar.” Sentou-se fumando um Cohiba Behike e disse ao aprendiz, “sou como uma casca de árvore velha. Você quebrou meu silêncio. Qualquer coisa que eu possa falar será produto do que eu-acho-que-as-coisas-são. Meu reflexo só reflete em outrem.”
“Mestre.”
“Sim.”
“Durante todos esses anos de silêncio, eu finalmente aprendi uma coisa.”
“É?”
“Meia dose de armagnac, uma dose de creme de leite natural, cacau e noz-moscada. Agitar com gelo.”