Meus Moinhos. Fazer canções, compor... Charles Valente

Meus Moinhos.

Fazer canções, compor uma música é insano. Dentro deste mundo de obras faraônicas e moral babilônica, eu vivo montado em meus acordes “Rosinante” travando batalhas com monstros e dragões onde outros veem apenas moinhos.
Só porque você não viu, não significa que não existe! Os monstros estão lá e eu os vi. A batida tribal, a malha colada evidenciando o sexo e a letra demente... A televisão jura que é gênio, o governo declara que é pleno e o povo engole o veneno, de novo.
Muitos porquês sem respostas, muitas respostas sem perguntas... O mundo esta enlouquecido! Quem esta no caos não percebe a abrangência dos seus tentáculos. Não tem mais freio, não tem mais fé. O homem predador do homem. Como canibais devorando e sorvendo cada parte com gosto, em um espetáculo mórbido e comum. Ninguém mais se compadece...
Os loucos sabem... Eles já sabiam que não eram simples moinhos... Também seus amigos queimarão seus livros e lhes obrigarão sempre, a voltar pra casa.
A minha canção, não tem nem meu fiel escudeiro que sonha com um reino. Talvez ate consiga, e surpreenderás com sua habilidade de governar. Não! A mim não sobrou nem ele. Minha viola esta jogada, julgada e sub julgada a lei da poderosa rainha, mãe de todas as artes dos nossos dias. Personagem primeira, alfa e ômega das canções de rastelo, que enfileira as massas e desperta os sonhos. Grandes montes, adornados de renda vermelha que penetram ao mais escuro poço de lava orgânica, tão fétida como a canção proferida.
Mas a sina de cavaleiro é sua lança de justa e a de violeiro é a viola liberta. Cantador que também sorveu o balsamo no elmo de outros valentes, não se deixe vencer por quebrantos e encantos.
Ainda tem lua e ainda há de ter cachoeira. Ainda tem a chapada onde Quixote ainda vive. Sei do poder de Malfato, mas minha Dulcineia ainda me inspira e os ventos do leste ainda trazem a chuva.
Descanso este corpo cansado da peleja diária, enquanto viajo por hospedarias e castelos. Monstros? Claro que existem. Sou louco! E os loucos sabem...

Charles Valente