Às vezes o telefone soa na madrugada... tadeumemoria
Às vezes o telefone soa na madrugada
Mas não são as madrugadas de sonhos
Que se perderam noutras madrugadas
Este deserto é um camelo perdido em mim mesmo
Um dromedário que não entende
De cartas astrológicas ou astrolábios
O telefone toca; eu sei mas ninguém mais sabe
Ninguém mais ouve é tudo um deserto galopando
Na insensatez quadrúpede
Que não me deixa sonhar.
Ainda suspira, inda soluça, sussurra uma esperança
O deserto empoeirado cala a madrugada
E eu não ouço o poema,
Eu não ouço as promessas, as juras
O telefone toca, eu sei que toca, mas só eu sei
O deserto continua seu galope,
O silencio é tão intenso que este buraco negro
é amnésia desse pretérito mais que Perfeito
então às vezes, só às vezes soa o telefone na madrugada