AS PORTAS DO CÉU Um homem havia acabado... Autor: Hugo Lapa

AS PORTAS DO CÉU

Um homem havia acabado de falecer. Logo depois de deixar seu corpo físico, viu uma luz branca, muito bela, calorosa, viva e acolhedora no céu. Sentiu que deveria seguir esta luz.

Assim que se integrou a luz branca, percebeu que se encontrava num local imenso, com suntuosas catedrais e templos, num vasto e verdejante jardim muito florido. As ruas eram de pedras preciosas, e havia abundância de cristais de quartzo. Pessoas vestidas de branco passeavam calmamente pelos jardins, junto com animais. Era um local belíssimo que só poderia ser chamado de "paraíso".

No entanto, o homem percebeu que havia um portal imenso, feito de pedras preciosas, separando este local abençoado do local onde ele estava. Dessa forma, o homem entendeu que deveria cruzar este portal para ter acesso a esse sublime reino celestial.

Caminhou em direção ao portal, e assim que chegou, um ser o abordou, era o guardião do portal. O guardião disse que, antes de cruzar o portal, o homem deveria responder algumas perguntas, pois ele deveria demonstrar sua dignidade e pureza de coração e intenção para merecer sua entrada.

O guardião então lhe fez as seguintes perguntas:

- Você praticou boas ações?

- Você pensou egoisticamente em si mesmo, ou soube compartilhar suas coisas com os outros?

- Você amou a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo?

- Você respeitou os animais e todas as obras da criação?

- E, por fim, você foi uma pessoa humilde em sua vida?

O homem pensou e disse:

- Procurei sempre praticar boas ações. Sempre coloquei a caridade em prática e ajudei muitas pessoas. Sempre amei a Deus sobre todas as coisas e amava os seres humanos. Sempre procurei respeitar os animais e todas as obras da criação.

- E quanto a última pergunta? questionou o guardião do portal. Você é uma pessoa humilde?

O homem refletiu, e chegou a conclusão de que, apesar de todo o bem praticado, ele não se julgava humilde suficiente para merecer todo aquele paraíso. Ainda se via como um ser humano falho, instável, e com vários defeitos. Não se sentia apto a integrar aquele local paradisíaco do reino celeste.

- Não… respondeu o homem com toda a sinceridade. - Não creio ser alguém humilde. Portanto, sei que não mereço o paraíso.

- Está bem – disse o guardião do portal – Que assim seja!

O guardião desapareceu, e o portal do paraíso permaneceu fechado. Quando o homem deu a volta para ir embora, o portal começou a se abrir. Raios luminosos começaram a sair de dentro e um anjo veio busca-lo. Assim que o ser angelical chegou, o homem disse:

- Espere, mas eu não sou uma pessoa humilde, eu inclusive admiti isso ao guardião. Não creio merecer este reino celeste.

O anjo respondeu:

- Meu querido filho. Se você tivesse admitido ser uma pessoa humilde, essa seria a maior evidência de que você não o é. Quem se acha humilde, não é humilde de verdade. O sábio não faz propaganda de sua sabedoria; o humilde não arroga sua humildade; o homem puro não faz alarde de sua pureza. Não admitir a sua humildade é uma demonstração de humildade, pois pessoas que se julgam humildes, no fundo, são pessoas orgulhosas de sua humildade. A frase “Sou bom porque sou humilde” não cabe no reino celeste. Você tem um coração puro, e portanto, os portais deste plano superior estão abertos a você.

O homem chorou… O anjo estendeu-lhe a mão, e o conduziu ao paraíso.