LAGARTA Não sei mais para onde ir. Já... Paula Monteiro
LAGARTA
Não sei mais para onde ir .
Já tentei sumir
me ausentar de mim
refugiar-me na ventania
dar as mãos com a solidão
beber o oceano inteiro do silêncio
inebriar-me de mansidão...
Mas até agora
só consegui ser confusão
e largar minhas asas
na tempestade.
E com o coração em erupção
só tenho me partido em pedaços
deixando fagulhas de delírios ,
brasa do insano
por todos os cantos e lados.
Lágrimas vestidas de desejos ,
fantasias e saudade.
Todas ... todas a rirem sem pena
do meu total desastre.
Talvez se tivesse trancado o postigo
dos meus sentimentos avassaladores ,
sentando nos vãos dos meus silêncios e
me acomodado nos quintais
da solidão ...
Talvez se tivesse investido mais
no meu cais melodiando paz ...
Não me veria aqui agora lagarta
largada nesse casulo sem saída,
sem o alimento do teu sumo,
debatendo-me sem prumo
e com vontade
de beber todo teu amor
como resumo.
Tentando novamente adaptar-me
a essa tua ausência que
me enlaça
me aprisiona
me inebria
e faz-me viver dormente ...
In vertigem
Somente para
aspirar o oxigênio
inteiro da tua imagem .