Por que as pessoas somem da sua vida?... Alexandre Santos
Por que as pessoas somem da sua vida?
Porque as pessoas de um modo geral mudam. Mudam até sem querer.
Mudam até quando fazem regime. Eu já conheci quem houve de perder muito peso, e com ele todo o conjunto de amigos que a cercavam. Talvez ela tivesse a ideia que eles eram um elo de um tempo ruim e assim desfez dessas amizades.
Já vi gente casada e mudada; assim como não faz muito tempo vi um amigo que bebia muito, totalmente contra qualquer tipo de álcool e mudado para um sentido melhor, se é que existe esse termo com seres humanos.
Como vi também mulheres malucas se tornarem mães exemplares. Todo dia uma pessoa é convertida em algo diferente do que era, seja qual for a sua conversão e não falo só de religião. As decepções e tragédias, como morte também separam os amigos e modificam as pessoas. Geralmente uma ou outra não suporta o ambiente e procura novos ares e novos amigos; uns entendem que isso é temporário outros querem mesmo é se afastar em definitivo.
Penso que seja uma fuga do “eu” antigo; como se assim fosse possível separar uma em duas pessoas diferentes. Mas é uma explicação para responder a pergunta por que as pessoas somem. Não é nada difícil você perder uma amizade até por suas posições ideológicas. Nesse mundo de relações líquidas uma frase postada na rede social é motivo para rompimento de quase tudo – e acredite – amizade também.
As pessoas querem se impor cada vez mais, porque elas enxergam que todo dia alguém esta mais feliz, mais ativa, mais para o alto e etc. É aquela visão deturpada que falei que o jardim do vizinho é mais bonito. Então ela nem sabe o que esta defendendo, mas defende com unhas e dentes e daí briga, se aborrece etc.
As conversões humanas, principalmente aquelas motivadas por autoconhecimento, são as mais profundas e as mais sinceras. Não modificam o caráter humilde da pessoa, só a impulsiona para melhor.
A gente tem de compreender que isso é sistêmico na sociedade humana, uns vão e outros ficam. Tive no passado um conhecido que era muito amável e social, adorava o convívio com os amigos, e hoje é quase avesso a essa condição. Talvez por suas perdas pessoais, desiludiu-se com as pessoas, tanto quanto as mesmas com ele.
O problema nem é as pessoas irem; uma hora ou outra a gente se torna parte do problema delas ou a solução, é um fato consumado. A questão mais séria é quando ela vai se encontrar de fato, se é que precise - se é que isso é necessário.
Ouvi de uma pessoa querida outro dia, que ela sabe que é intragável no convívio diário; ela tem noção de que não quer confiar em nada e mais ninguém, apesar de no passado ela ter tudo isso muito bem resolvido e tendo gostado e amado intensamente; todavia parte desse passado foi um “fracasso” ; diagnosticado por ela mesma em suas respostas. Não sei bem de que fracasso estaria falando, mas o que eu sei que onde se fracassa um, no mínimo tem dois fracassando juntos. Toda e qualquer relação possui dois lados de igual acordo – até nesses fracassos somos responsáveis nas duas frentes. Eu só creio em profundas mudanças, quando elas retornam para dentro de si, quando elas viajam pela infância, pelos primeiros descobrimentos, pelo perdão das culpas, pelo reconhecimento dos erros, pela liberdade de sentir-se perdoado e perdoar. Qualquer um que se prenda em ideias fixas, não vai para lugar algum.