DESERTO Te esperei por noites infindas... Paula Monteiro
DESERTO
Te esperei por noites infindas
Desenhei uma longa história
de manhãs a dois
Me lancei num mar de fantasia
vestida de desejos
de juras
de amor
de poesia.
Por ti
me feri
me debati
me aprisionei
me vi num corredor sem fim.
Foram muitas luas e lágrimas
ofertadas somente a ti .
Os teus olhos e teu jeito sereno
eram tudo que eu tinha nos
sonhos e com encanto.
Mas me faziam uma refém do teu
enlace de total desprezo.
Por ti
tantas vezes fechei os olhos e
brinquei de eternidade
e com minha sensibilidade sedenta
só bebendo a fragrância do que nunca tive .
Me sugaste
de fissuras
de fascínios
de esperas
de saudades ...
Desejos de tê-lo ao meu lado pra sempre
presos numa gaiola dos teus silêncios
sem ter como se libertarem.
Por ti
tantas vezes abri mão das minhas
flores ,só para ser a única em teu jardim .
Nada restou
A não ser o deserto do teu silêncio
me latejando por dentro
e o vazio desse puro sentimento
que de ti só me afastou.