Eu tava passando por uma estrada que... Henri Solivagant
eu tava passando por uma estrada que dava no topo de uma torre no fim da ponta de um lápis de cores quiméricas interpretadas em braile por um cego que só sabia sânscrito, mas não era hindu, trazia na suas costas um livro enorme sobre as estrelas cadentes de um céu jamais antes visto, o destino de toda a humanidade nas lágrimas esperançosas de uma criança qualquer de um país esquecido e desinteressante que só comia lixo. eu me perguntei, será que deus era um livro julgado pela capa, ou uma história ruim encontrada no lixo? continuei caminhando até o fim dessa discrepância em que me deparei com um abismo cuja profundeza gritava um vazio tão abrupto que seduzia minha alma ao encontro letal do desconhecido desejo pelas notas musicais que o ouvindo nem com sua melhor audição identificaria timbre, o celular começou a tocar, quando atendi a luz do sol invadiu meus olhos e eu disse "Porra! uma hora dessas?".