Pedaços da minha alma. Amanheceu,... Theo Lanusa

Pedaços da minha alma.

Amanheceu, escuto no frescor da manhã o doce canto dos pássaros, o sol brilha radiante lá fora, o dia esta calmo...Escuto a voz de uma criança, paz, o dia esta em paz...
Mas...Meu coração não é atingindo por este serenar gostoso desta manhã luminosa, não consigo deixar que a luminosidade e o frescor deste dia penetre a densa neblina escura que aprisiona minha alma...A criança canta, ouço um canto suave e desafinado...Mas ele não me toca, sinto mansamente quentes lágrimas escorrendo, descendo livremente pela minha face, estou em guerra, numa batalha ferrenha entre a claridade e a escuridão, ouço os sons das espadas digladiando dentro de mim...
Meu coração foi mortalmente atingido, massacrado, dilacerado, retalhado, estou em agonia e nesta agonia um filme sobre minha vida se passa diante dos meus olhos, tento me erguer, não consigo, braços e pernas não mais me obedecem, meus olhos vão perdendo o brilho da vida, sofro, padeço nesta agonia terrena da desilusão.
Ouço o canto da morte entoando em cada recôndito do meu ser...Me entrego, sinto um frio violento penetrando meu corpo, meu espírito guerreiro me deixa.
Estou só, sozinha como nunca estive...Cercada por multidões...Mas só, sozinha, solitária na minha dor.
Entro em desepero e me entrego por inteira nos braços da agonia, deixo...permito que ela me domine, me complete, me cerque, me tome...vire minha dona.
Olho pros lados e vejo minha alma aniquilada por completo.
Olhos vidrados, embaçados reviram o lugar onde me encontro, sinto dor uma imensa e intensa dor, quanto sofrimento, estou no pó, busco um sentido pra tudo isso, olho pro alto e pergunto a Deus:
- Por que amar doe? O que eu lhe fiz? Por que?
Não escuto respostas.
Grito, grito alto... nada... Ninguém responde, ouço o eco dos meus gritos como risos de zombaria, zombando, gargalhando da minha dor.
A solidão zomba, o sofrimento ri, o lamento grasceja, ouço todos juntos tripudiando de mim.
Vômito, arquejo, tento expelir de qualquer jeito este veneno de dentro de mim, ele não sai e continua a transitar livremente por todo meu ser.
A dor aumenta de intensidade, já não suporto mais, dói, dói tudo, dói muito, entro em convulsões, perco a lucidez, me perco...
O choro vem forte, violento...
Me entrego e me arrasto pro canto escuro da minha alma.
Não mais tento lutar.
Será que existe remédio pra este tipo de dor.
Paro...Tento escutar algum som.
Acabou... Tudo acabou...
Meu coração parou...
Olho pros lados já não vejo mais minha alma... Até ela fugiu de mim.
Estou só, completamente só, imersa na solidão.
Na solidão de um coração descrente, despedaçado, estraçalhado, retalhado pela dor.
Ah! Coração o que lhe fiz?
Porque foste tão traiçoeiro e me fizeste acreditar no amor...Agora olhe só como você ficou.
Cadê sua pulsação? Cadê sua cor vermelha? Vermelha da paixão, da vida, da emoção...
Me traiste coração, me enganaste me atando a outro coração com tantas promessas vazias, tantas palavras bonitas, acrisolando minha alma num mundo cheio de cor. E agora? Olhe bem pra mim... Só escuridão, olhe pra ti... Acabado, destruído pela dor...pelo amor, pela ilusão e desilusão.
E nesta confusão, neste guerrear de espadas descubro que até minha alma foi arrancada de mim. Coração aos retalhos com a alma aos pedaços.
O que será de mim?

Theo Lanusa