Sempre fui uma tela em branco, Quando me... Nayara Carbinatti

Sempre fui uma tela em branco,
Quando me pintei de monet
Tão impressa em sentimentos
Até que conheci você

Pensei que fosse expressionista
Ou quem sabe vanguardista
O que pensei ser um grafite
Um clamor por liberdade
Se mostrou academicista
Me decepcionando em perfeição.

Então, por amor a ti eu me vesti
Com o surrealismo de Dalí
Mostrei também o meu Dadá
Você achou tudo bonito
Mas nada fazia o seu estilo
Para o abstrato não ia mudar.

Tentou me despir a tropicalia
Mas mesmo em pontilismo
Eu não era mais tela em branco
E nem mesmo nua você me via
Nem devorar idéias queria
Você foi sempre tão europeu
Já eu? Antropofagia.

Então, tão classico e idealista
Me vestiu renascentista
Sem nem mesmo se importar
O quão simples eu poderia achar,
E sendo dramática como o barroco
Me calei em gritos roucos
E da minha tela te apaguei,
Pois eu tinha cores e gritos
Por mais que incompreendidos,
Eu ja estava completa
Mesmo quando te amei.