Pátria expatriada Sou de uma terra em... Dércio Huo

Pátria expatriada

Sou de uma terra em que falar a própria língua revela torpeza, de uma terra em que o sotaque conta mais que o conteúdo da mensagem, da terra em que ter a pele parecida com o dia confere-te o previlégio vil de subvalorizar aos que com a noite se parecem, eu sou de uma terra assim!

Sou de uma terra em que agricultores e componeses têm as suas terras expropriadas de baixo de uma inerte consciência de um Estado que tem a agricultura como base de desenvolvimento, sou de uma terra em que paradoxos e antíteses nos são compatriotas, terra empobrecida pela riqueza alheia, eu sou desta terra!

Sou de uma terra em que tudo faz a população para se tornar cidadã, paradoxalmente o precário Estado tudo faz para converter os poucos cidadãos em população.... E o que será dos que nem cidadãos chegaram a se tornar? Eu sou de uma terra igual a esta!

Sou de uma terra em que se conformar com a miséria fraternal garante a riqueza subjectiva, da terra em que a noção do alfabeto torna-te inimigo do Estado, ambos somos desta terra, eu e a minha nação!

Sou de uma terra em que os recursos beneficiam os parecidos com o dia, de uma terra em que os compatriotas vivem de fragmentos dos cidadãos seculares, sou igual àqueles que clamam por dignidade e auto-determinação como nação, os desta terra!

Sou da terra em que a fraternidade nos une até que os direitos nos categorizem, deveres temos iguais, e até temos mais... Eu e a minha nação, nada queremos além de cidadania, sou da pátria da minha nação, uma pátria presente nas mentes dos nossos, eu e a minha nação!