Já tentei ser invariavelmente feliz,... Gustavo Aschar
Já tentei ser invariavelmente feliz, sorrir para sempre, viver num eterno oba-oba. Tentei gargalhar aos quatro ventos, fiz piada de dias ruins e decidi dar as costas para tudo aquilo que não me agradava. Bobagem! Um dia, descobrimos que fazer vista grossa a um sofrimento é não respeitá-lo como tal. É fugir. E não lutar. É correr. E não enfrentar. Essa coisa de estar sempre sorrindo já não faz os meus olhos brilharem. Tornou-se irrealizável a partir do momento em que perdeu a essência. É que chega um momento que a gente entende que felicidade é para quem já viveu o outro lado da moeda. Para quem sofreu, se sentiu doer, chegou ao fundo do poço e, afundando mais, tomou fôlego e voltou à superfície. Respirou novamente. Agora, sim, encontrou a felicidade: nas coisas simples, porque reconheceu o valor delas, e não nas espalhafatosas (por não conhecer muito além do que o que elas tinham a oferecer). No fundo, felicidade não é para quem gargalha mais alto, por mais tempo ou a todo custo. É para quem continua respirando e, apesar de tudo, sorri por dentro, num silêncio tão verdadeiro que só tem valor para quem sente. E não para quem vê