Re-fazer caminhos há muito tempo não... Reginaldo Aparecido Silva
Re-fazer caminhos há muito tempo não percorridos, ou pouco via de acesso foi re-construir uma ponte. Habitamos por ser homens e construímos a todo tempo no decorrer de nossas vidas.
Re-fazer os caminhos que um dia foram percorridos ou que são às vezes a via de acesso nos leva, ou nos trás a paz que temos no fundo bem guardados.
O tempo nos pertence, o passado nos pertence. Temos a liberdade de poder re-pensar e re-viver o que já se foi vivido.
Temos a capacidade de re-viver momentos que um dia foram únicos e que são e que serão. Mesmo que o tempo nos leve para longe, ainda assim voltaremos no passado com a liberdade que nos cabe. Tudo que dedicamos a nós e a outros, tudo que demonstramos, tudo que construímos, tudo que habitamos e tudo que pensamos, floresce como o campo. Os frutos aparecem a partir da construção, a partir do que se planta.
Preservar dentro de nós aquilo que um dia habitamos no passado, é como poder re-construir uma ponte a qualquer momento e voltar lá como se fosse a primeira vez. Proteger esse patrimônio ?que não cresce? mas que sustenta a memória é andar sobre a ponte que liga o passado ao presente como se fossem as margens de uma represa que acabou de nascer e que precisa se encontrar.
Essa coisa que chamamos de ponte, polissomicamente têm suas características. Referido-nos a ponte quando ligamos o tempo, o passado e o presente. Lembramos-nos de ponte quando re-fazemos caminhos que necessitam da transição de um lugar para outro, de um bairro a outro bairro. Pensamos em ponte quando nos lembramos de que criança fomos e hoje adulto existimos.
Percorremos o mundo, percorremos os espaços, percorremos no tempo, percorremos na ponte da vida. Na linha do passado que se passa no presente a avança para o futuro, não saímos da ponte que nos faz transitar nessa caminhada. É verdade que atalhos existem, mas sempre voltarão na mesma caminhada, na mesma ponte que nos leva além. Construímos por habitar, habitamos porque construímos, e pensamos porque já somos habitantes que construíram. O espaço é nosso, por isso vivemos, pois, o espaço não está em oposição a nós e sim com nós, conosco, existente. Se existimos é porque temos espaço, pois ele faz parte de nós, e nós partes dele.
Traçar a nossa rota é caminhar pela ponte da vida que liga ao passado nos fazendo lembrar-se de um instante ímpar. Ao futuro, no qual estamos habitando, construímos a ponte que se estenderá infinitamente, à medida que habitarmos e pensarmos no que fomos e no que somos.