Ação solidária Numa noite fria e sem... Djalma CMF
Ação solidária
Numa noite fria e sem alegria, um jovem casal buscava se aquecer. Mas embaixo da marquise só tinha papelão e algumas gotas da recente chuva que caiu. Na ânsia de se aquecerem, eles procuravam também pela garrafa de pinga deixada logo ao lado, debaixo dos velhos trapos que chamavam de roupas. Ao acharam a pinga, beberam até esvaziara a garrafa.
Os dois não estavam sós, carregavam um bebê nos braços. Estavam com poucas roupas para aquecê-lo e um permanente desânimo, por não verem a possibilidade de se reerguerem. Eles não sabiam que ainda existe o bem na terra, pessoas que entenderam a mensagem do mestre, que ao deixar dois mandamentos, no segundo não se esqueceu da humanidade carente e faminta ao dizer: “amai ao próximo como a ti mesmo”.
Esse casal semianalfabeto antes morava numa área de risco e precisaram sair lá por motivos de segurança, mas ao seguir as orientações dos governantes foram entregues a própria sorte. O rapaz se chamava Tiago e a moça Sirlene, ao casarem na igreja imaginaram para eles uma vida de dignidade, o que na prática acabou não acontecendo. A partir daí, passaram a pensar que Deus não via a situação de desespero deles neste período em que passaram pelas ruas.
Mas o melhor estava por vir, e veio com a ajuda de um grupo de religiosos que ofereceram ao casal um lugar digno para morar, até que eles pudessem se reerguer para reiniciar a longa caminhada. Ao serem socorridos pelos religiosos se lembraram de uma passagem bíblica, no livro de Mateus (25. 36-40), que diz assim:
"Necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram. Então os justos lhe responderão: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? O Rei responderá: Digo a verdade: Os que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram".
Depois de algum tempo morando num albergue, eles receberam ajuda para cursarem uma profissão, em seguida lhes foram garantido um estágio numa empresa de renome, que se ofereceu para ajudar o casal. Os religiosos ainda conseguiram doar ao casal uma casa velha que agora é o novo endereço deles, que aos poucos estão recuperando junto a toda dignidade perdida.
Você achou que foi uma boa história, uma pena ser ela apenas ficção. Mas quem sabe não se torna realidade na vida de muitos. Aqui no Rio as ruas estão recheadas de famílias e jovens. Muitos colocam a culpa no vício do crak, mas acredito que alguns foram expulsos de suas moradias pelo tráfico, outros pelas milícias. Quanto aos jovens, foi para não serem presos em áreas ocupadas pela UPP. Do resto, não sei mais o que dizer.