No seu quarto a meia luz imaginava a sua... Djalma CMF
No seu quarto a meia luz imaginava a sua mulher sublime de lingerie vermelho. Nossa quanta emoção num só pensamento. Mas ela se fazia de louca e ia quase sempre de calça cumprida e de camisa de manga dizendo que estava frio, lhe pedindo para apagar a luz do abajur. O romantismo que tanto provocava aquele pobre homem virou um sofrimento que agora só o assola. O tempo de vida junto tirou toda emoção dos momentos sublimes da vida deste triste casal, a hora de dormir! As noites não são mais as mesmas, o ronco, a guerra do cobertor, que quando cobre um santo descobre o outro. O seu charme foi embora junto à sua juventude e a ternura antes existente partiu, sobraram somente às reclamações de quem se acostumou com a vida de casado e nela sentou em cima, triste zona de conforto. A vida é sempre uma bola dividida e quando um lado começa a desinteressar faz com que o outro lado faça também a mesma coisa, e assim os anos vão passando depressa demais, as doenças começam a tomar conta dos corpos e os antes lindos jovens se transformam em dois velhos ranzinzas. Agora a vida passa a ter motivos só para reclamações, essas pessoas esqueceram que um dia foram crianças e jovens, e nisto, quem sofre são os seus netos. Os seus filhos já não aguentam mais tantas reclamações, eles só falam em morrer! Dizem não ter mais nada para viver, esquecem de que a vida é um constante recomeço.