Eu estava dirigindo, estava nublado e... Francielle Covaleski Paim

Eu estava dirigindo, estava nublado e repentinamente senti uma luz extremamente forte fechar meus olhos. Tive a sensação de me colocarem em uma maca e um tubo de oxigênio em minha boca para que eu pudesse respirar. Parecia um sono sem fim.
Quando acordei, vi minha mãe aparentemente alegre no momento em que abri os olhos. Não entendi o porquê de eu estar ali. Eu estava sedenta de dúvidas que pareciam me corroer por dentro.
Ela me perguntou se eu lembrava dela, então concordei. Não me lembrava das coisas recentes que haviam acontecido. Consequentemente nem do nascimento da minha prima. Meus pais foram me recordando com o passar do tempo. Algumas pessoas e coisas me falhavam a memória porque simplesmente perdi uma boa parte dela. Descobri pelos meus pais que fiquei internada em coma por dois meses.
Depois de alguns dias, em uma tarde de sábado, minha prima e eu - um pouco mais velha que eu – estávamos pesquisando no computador algumas informações sobre mim e tentando recordar senhas que se apagaram no acidente. Mamãe me convidou para ir ao supermercado. Depois de um tempo, estávamos empacotando as compras, nesse instante, um rapaz estava me observando incredulamente por quase dez minutos, logo o encarei. Mamãe viu a troca de olhares e os interrompeu me chamando para irmos para casa. Ela parecia fugir e de certa forma sabia de algo a respeito. Ouvi um grito e o rapaz veio apressadamente em minha direção. Com muito impulso parou em minha frente e beijou minha boca, naquele instante, várias lembranças vieram concomitantemente e velozmente em meu pensamento, tive uma sensação forte, criando uma grande confusão na minha cabeça. Fique muito assustada, e então o empurrei. Caminhei às pressas com a perspectiva de fugir para casa.
Ao sentar em frente ao computador pesquisei pasta por pasta até achar algo a respeito daquele estranho, logo me deparei com diversas fotos bem guardadas desse rapaz junto a mim. Ao recordar quem era ele e o que aconteceu entre nós, tudo voltou. A dor insuportavelmente degradante que me atormentava. Descobri que era a pessoa que eu mais amava.
Coloquei minhas mãos desesperadamente com força sobre meus lábios e as lágrimas escorriam abundantemente pelo rosto. Mamãe havia chegado e abraçou-me forte sem dizer sequer uma só palavra.
Passaram algumas horas, dias e semanas. Consecutivamente, toquei a campainha de sua casa, ao abrir a porta se deparou com meu breve olhar e sorriso levemente estampado de, “eu me lembrei de você”. Já que tudo não se passou de um sonho.