Eu em Família Em maus dizeres, família... Gérlley Gonçall

Eu em Família

Em maus dizeres, família é bom “longe”; eu, Gérlley, particularmente, assumo minha contradição dizendo: é bom à todo instante!
Crescido perto e amadurecido longe; cioso aventurado em outras companhias. Tão felizes instantes em um pré julgamento liberto, maduro e independente.
Foi longe que me fiz homem; orgulhoso que sou sobrevivi a cada obstáculo, sozinho as dificuldades se fizera menor que a vontade.... Mas vontade de quê?
Então mergulhei numa vida, que então era a minha, onde dia a dia respirava a obrigação de provar vitória, de aduzir conquistas; tão obcecado por tal, que sequer aguçava algum prazer próprio!
Da mudança, anos a fio dedicados plenamente à orgulhar minha família. Fui longe, e longe foi o sofrimento dessa tal ‘luta’; perpetuou por longos meses até estar cansado, e com o sentimento de tudo em vão, desvalorizado, cansado da espera de um alguém me “exaltar” ... já apodrecido desregrado distante, fiz escolhas.
Os olhos se abriram, o horizonte apresentou-se infinito e despertou o anseio de provações; mergulhei no mundo, deslumbrado com tamanho horizonte; espacei em minha alma o egoísmo e suas vertentes; com uma única priora: viver feliz, feliz por cada e a todo instante, sem anseios!
Há tantas, família já tornara-se apenas um acômodo; uma espécie de seguro esquecido; em outras palavras uma âncora, a qual lancei ao mar (no literal, na parte da minha vida que seguia-se); seguro e convicto de um inviável naufrágio, fui navegar, viver... nadei de braçadas largas e destemidas, mergulhei fundo... fui longe e tantas foram as maravilhas que ao menos me dei conta em lembrar-me do que ficastes, o barco e âncora; minha família. Vieram tubarões, ondas gigantes, uma agitação incontrolável e inesperada do mar, uma constante e eu, um naufrágio solitário; pra que sórdida e desesperadamente, eu me lembrasse da âncora que tivera esquecido lá atrás e que hoje ao passar por isto, posso definir a tal âncora como lembranças, cumplicidade, união, amor, sangue, alicerce, família!
Os egoísmos abundam e cultiva-se, sozinho, o individual; cada um de nós é uma unidade, mas o que somos passa por sermos mais do que um. Mas não é fácil, nunca. É algo simples, puro mas árduo de alcançar; implica a renúncia constante aos artifícios do fácil e do imediato.
Pequei por muitos, mas o pecado maior, está além da ausência, julgo ser a renúncia; ambas constantes. Disponível a qualquer julgamento, mas jamais condenado por ausência de amor, este tão conciso, que fostes a razão desta tentativa de redenção, que talvez por fraqueza tenha obedecido as exigências de uma razão!
Fostes no mar, fostes nos rios, todos são feitos do mesmos elementos, mas ora estreitos, ora rápidos, ora largos, ora plácidos, claros ou frios, turvos ou tépidos; minha barca aparelhada, solto o pano rumo ao norte... meu único desejo era um passaporte, mas a fronteira se fechou.
Eu sou aquilo que sou, aquilo que fiz e que me aconteceu, sou quem sou, mas o meu bom nome, a minha honra, os princípios que traí ou não traí; vivo com isso e sou julgado por isso pelos outros. Não me frustro por estar certo de que nem tudo que me aconteceu, nem todo o julgamento dos outros, dependem verdadeiramente das minhas ações ou da minha vontade!
De tudo...
As saudades, se sempre se repetem, nunca se repetem, como foram ou como são... dói! de todos os ferimentos sofridos, este é o único que não adula, não cicatriza; inflamado na alma, só afaga com meras mensagens no whatsaap, vídeos e fotos.... E que mesmo não havendo reencontros, me despertou e então tenha dado seu devido valor! lamentações desnecessárias, mas lamento e sofro aas oportunidades perdidas, os espaços vazios!
Por fim; se há coisa que sobra em mim, é a falta que sinto de cada um, sem exceções cada um e sua particularidade. Singular, digo, esta tua ausência inunda tudo em mim; mas não apenas os olhos se enchem de lágrimas ao sentir saudades suas...
Os dias não são tão fáceis e agradáveis como antes, crianças, imensos de vida e tudo mais... mas juntos!
Me perdoem minha ausência, perdoem-me o meu silêncio ou a falta de respeito que por ventura tivera interpretado sem sentimentos. Foi preciso estar ausente de todos, para que eu pudesse entender que são vocês a minha essência e o que de maior representa o sentir saudade, e sempre o amor, na sua verdade e intensidade!
Se dê o direito de me julgar, não aceitar minha ausência, enfim todo rancor que tenhas acumulado em todo este tempo; mas por favor, não me rejeite. Jamais pedirei que entendam as razões do meu silêncio e negligência, e tão pouco lamentarei com justificativas dotadas de pena, “dó” ... A vida não supriu o que perdi se estivesse ao lado de vocês, e isso basta como castigo. Nas minhas escolhas, vocês ficaram de lado, mas no adiante penso que de tão distantes que estivemos, podemos um aprender com o outro, compartilhando as histórias e experiências. Não permito a ninguém o direito de me acusar abandono; pois se refletir, verás que fora recíproco. Orgulhoso que sou, evidencio que isto sequer beira mendigar aceitação; compreensão é tão somente meu desejo. Não houve uma vida provida de distância, foram muitos e intensos os momentos que compartilhamos, tais inesquecíveis... ao menos, pra mim. Pedir que compreendam minha ausência seria pretensão demais de minha parte, embora assim eu seja; mas ao menos tentem aceitar; mas certos de que me farei presente da maneira que posso, obviamente almejando sempre estar presente. Confesso, por egoísmo, tal atitude é sim de benefício próprio, não suporto mais a carência de família; insubstituível e determinante no caminhar!
Simplesmente assim:
A família é a casa e a paz. O refúgio onde uma vontade de chorar não é motivo de julgamento, apenas e só uma necessidade súbita de ... “família” !!!