Tudo começou em Janeiro, no comecinho... Ingrid Gabriele
Tudo começou em Janeiro, no comecinho de Janeiro pra ser exata. Era pra ser uma madrugada como outra qualquer, um dia qualquer, uma semana qualquer. Como eu disse... Era!
Não esperava nada daquele dia, nada além de uma conversa, mas quis continua-la. Foi diferente, era como se eu tivesse que estar alí, tivesse que ter dito aquilo, tivesse que tomar aquela iniciativa de falar primeiro. Nada planejado, e comecei a chamar de chance boa.
Minha vida tinha algo que eu não pensava em mudar, minha rotina. E eu vinha aceitando a mesmice, achando que nada mudaria e que nem mesmo melhoraria. Até ele aparecer, até eu aparecer pra ele. E tudo se repetiu no outro dia, na outra semana, madrugadas consecutivas de conversas demoradas. Dava a impressão de que os assuntos não acabavam nunca. Foi aí que tudo começou.
Comecei a me apegar, não achei que seria tão rápido, nem achei que ia ser... Mas foi.
Nunca pensei que fosse tão difícil me encontrar com alguém, poderia ser mais fácil, mas se fosse fácil, poderia não ter se tornado o que foi ou não ser o que é.
Quando o vi pela primeira vez, foi por acaso, já tínhamos meio que desistido, com tantos desencontros... Aconteceu, e também não aconteceu. Mas foi o abraço que eu mais precisei aquele momento, não como tinha que ser, mas foi e foi bom, em parte.
Como podem querer acabar o que nem se começou? Querer separar o que nem estava junto? Pois é, não pode, e não puderam.
Como ele sempre disse, né? Até quem quer atrapalhar, acaba ajudando.
Todas as pequenas coisas e pequenas dificuldades, foram nos unindo. E quando vimos, as pequenas coisas já haviam se tornado grandes, e quando tudo poderia ter acabado... Não foi.
O "deixa rolar" se colocou à frente de todas decisões que tiveram de ser tomadas, de todas escolhas que tiveram de ser feitas... E foi.
Tantos impedimentos e proibições... E fomos nos unindo cada vez mais, percebendo o quanto juntos já estávamos, mesmo não estando.
O que estávamos fazendo, contra quem estávamos lutando? Não conseguimos parar, foi mas forte que eu, que nós. Nos fez um.
Aconteceu, a história do "nós" começou a fazer sentido. Inevitavelmente, nos tornamos um. Indescritivelmente, me senti inteira, me senti dele, eu fui dele... E sou.
Quando o vi pela segunda vez, aquela vez se tornou a primeira, não foi por acaso, não tínhamos desistido, não houve desencontros.... Aconteceu, e também aconteceu. E foi o beijo que eu mais desejei aquele momento, o momento que eu mais sonhei naqueles dias, os dias que eu mais vivi naquele começo de ano, naquele começo de nós. E não foi bom, foi ótimo.
Pode acreditar, o sorriso tímido de canto que vinde a mim, os desvios de olhares... Eram como fuga, uma fuga de medo, talvez. Mas houve um momento em que nossos olhos se encontraram e tive a certeza, era ele!
Já era paixão, mas de fato eu me apaixonei pelo olhar também.
A espera por aquele encontro se tornou tão constante, que foi tão única quanto ele é pra mim, estávamos alí, não havia a distância como empecilho.
Os sorrisos foram bobos, as falas muitas vezes gagas e sem sentido, como se fosse amor a primeira vista, à segunda vista na verdade... Mas, amor!
Tantas e tantas coisas foram ditas. Estava tudo oculto e ao mesmo tempo tão exposto. Era natural, o namorado e a namorada, mas era surpreendente para nós.
Conhecíamos um ao outro, mas era tão virtual que o pessoal se tornou estranho e vergonhoso. Eu ainda estava conhecendo os gestos, os toques, o gosto do beijo. Não dá pra explicar. Só sei que foi único e as conversas se transformaram a partir dalí, o virtual não foi mais o mesmo, o pessoal também não. Mas todos momentos... Todos únicos. E foram, e são.
E assim continuamos amarrados...