Hoje durante minha caminhada diária,... Roberto Carvalho
Hoje durante minha caminhada diária, sai bem mais cedo para ganhar tempo, e o que aconteceu no decorrer me serviu de lição para nunca mais caminhar antes das 4:30 da madrugada.
Ao chegar no posto de combustíveis na saída para Logradouro, as luzes da cidade começaram a fazer falta, e adentrei o asfalto diante de uma escuridão seguida de um nevoeiro típicos de filmes de terror. Apesar de como sempre me benzer antes de prosseguir, mal sabia eu que em pouco tempo, viveria o meu próprio filme de terror, só que infelizmente era real, e não iria deixar de fazer parte de minhas mais temerosas lembranças pelo resto de minha vida.
O brilho discreto da lua, logo foi encoberto por uma nuvem escura e certamente carregada de agua. E foi justamente nesse momento, regado a trilha sonora de cantar de grilos, que avistei a cerca de uns 30 mt de distancia, um vulto embranquecido que a príncipio me pareceu uma vaca, pois mesmo embaçado consegui ver que se deslocava como um quadrupede,sensação que logo descartei quando me aproximei um pouco mais, pois o vulto se reergueu em duas pernas, ou patas, não sabia ao certo no momento, e demonstrou toda sua grandiosidade que avaliei como sendo de no mínimo uns tres metros de altura. De pronto pensei em recuar e dar meia volta, mas uma risada debochada de criança no mato, bem atras de mim , me fez mudar de ideia. A essa altura o medo do desconhecido e inexplicável ja me coroia a alma e gelava meus ossos numa sensação que eu jamais sentira antes. Resolvi então atravessar a cerca ao lado direito e me abrigar embaixo de um pé de cajú ate que os raios de sol me livrassem daquela treva de horror. E para meu desespero, o vulto que antes tinha visto a uma certa distancia se deslocou em minha direção adentrando também a cerca pelo lado direito numa velocidade sobrenatural. Tentei buscar forças para correr, mas as pernas não obedeceram. Então me pus a rezar de olhos fechados, esperando que os anjos benfeitores afugentassem de mim aquela ser que pelo galopar, ou correr, em pouco tempo chegaria a mim. E então foi nesse momento que uma voz sussurrou em meu ouvido e disse; ''Vá para o curral''. Confesso que a voz não me pareceu amistosa, mas como minhas alternativas eram nenhuma, consegui correr para o curral e lá fiquei a tremer. E quando pensei que estaria livre de qualquer mau, eis que olhei pro lado e o que vi me fez quase desmaiar. Uma mulher velha e magra sentada de costas pra mim em cima de uma pedra, cantando uma cantiga sombria em uma língua desconhecida desse mundo.Suas vestes eram escuras, sujas e encardidas e dava pra perceber que seus pés e mãos enrugados eram cheios de chagas e por baixo de seu vestido escorria uma gosma verde escura de um fedor insuportável. Então ela se levantou toda desengonçada e se tremendo e deu a volta por trás de mim que gelado não tive o mínimo de forças pra sair dali. E a criatura encostou em minhas costas, proferiu um gemido assustador e enquanto sua baba quente pingava sobre mim, sussurrou com aquela voz arranhada de bruxa em meu ouvido, e me perguntou:
''Roberto, como você conseguiu fazer com que essa pessoa lê-se todo esse texto ate o final?''
Então acordei!!..Roberto Carvalho