Perguntaram-me se eu conhecia a palavra... Irma Jardim
Perguntaram-me se eu conhecia a palavra felicidade.
Disse que sim; então depois fiquei analisando sobre
a interrogação e entendi o questionamento.
É que normalmente as pessoas falam sobre rosas
e seus perfumes, mas esquecem de relatar quantos
se ferem com seus espinhos ou de todo o trabalho de
preparar a terra para tal evento ( a colheita).
Estamos acostumados a descrever as embalagens,
o belo, as vitórias as conquistas.
Mas, poucos descrevem que para chegarmos ao
sorriso quantas lágrimas derramamos na incerteza do
futuro, ou diante de situações em que as dores da alma
se fazem presentes.
Não é fácil relatar sobre sofrimento, perdas, derrotas,
amores vazios ou mentiras que nos levam ao desespero
e à insônias constantes.
Quantos traumas carregamos até o alívio permanente?
E para outros o mínimo sinal do passado se torna um
tormento que parece não ter fim!
Belas histórias com finais felizes existem aos montes, mas
serão verdadeiras ou apenas fantasias para ocultar o que
verdadeiramente grita a alma em sofrimento clamando na
quietude e na solidão a ajuda de DEUS?
Por serem relatos da completa falta de amor e pela humilhação
sofrida, seus personagens não permitem que tais fatos veem à tona.
Não quero tocar nas cicatrizes que a vida deixou nas pessoas.
Apenas digo que se houvesse mais ouvidos atentos às vozes
em agonia, certamente teríamos menos pacientes nos
consultórios ou em clínicas para tratar das dores da alma.
E para quem me fez a tal pergunta, digo-lhe:
Nem tudo é um mar de rosas e mesmo se assim o fosse,
ainda há os espinhos para se desviar.