A aflição faz crescer Cada um de nós... João Soares da Fonseca
A aflição faz crescer
Cada um de nós é uma ilha, cercado de aflição por todos os lados. Quando não é a insegurança, é a enfermidade. Quando não é a enfermidade, é o desemprego. Quando não é o desemprego, é o acidente, o desastre; é enxurrada; é raio; é desabamento; é rebaixamento para a segunda divisão; é traição; decepção; incêndio; reprovação; endividamento... Por isso, o salmista é conciso: “Estou continuamente em perigo de vida” (Salmo 119.109). Bem nos lembra a frase famosa de Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso”. Perigoso para todos, já que “Muitas são as aflições do justo...” (Salmo 34.19).
Em toda aflição, porém, têm os crentes a garantia da presença divina. Isaías registrou a voz de Deus dizendo: “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Isaías 43.2).
Expert em aflição, Paulo diz: “...também nos alegramos nos sofrimentos” (Romanos 5.3a). Como é que é? Alegrar-se no sofrimento?
Que eu saiba, ninguém gosta de sofrer. Mostre-me uma pessoa que afirma gostar de sofrer, e eu lhe mostrarei um doente emocional. Se todos os humanos sofrem, o crente não é exceção. Mas quando sofre, o crente tem uma âncora preciosíssima: a percepção do propósito de Deus para a sua vida. Porque Paulo diz: “E sabemos que todas as coisas concorrem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28).
Você já viu um cachorrinho ou um gatinho correndo em curva, tentando alcançar a própria cauda? É uma cena tão tola quanto divertida. Para os que não têm o consolo da presença de Deus, a vida fica parecendo um esforço inútil como a desses irracionais tentando alcançar a outra extremidade de si mesmos. Ou seja, não há propósito; não há alvo. É só correria; desperdício de esforço. É evidente que as aflições cercam-se de mistérios. Mas, com os olhos da fé, o crente as vê como portadoras de propósitos espirituais.