Como num jazz, a frequência de seus... Leonardo Beraldi
Como num jazz, a frequência de seus atos oscila. Normalmente eu não gostaria disso, não gosto de perder minha auto suficiência, porém, as oscilações, ironicamente, tornam-se harmônicas; e, assim como meus ouvidos não negam um jazz, meu coração não nega querê-la. Muito pelo contrário, por ela tenho assistido-me a nutrir muitos “quereres”, “sentires”. Falando nisso, como é bonito olhar-me no espelho e constatar que novamente sinto como é sentir.
E por sentir tanto, sinto muito. Sinto muito por ter que, por vezes, observá-la por detrás de um vidro ou pelos cantos. Sinto muito por não conseguir me fazer sentido, por falhar em fazer com que meu calor a aqueça quando precisar de fogo; por falhar em fazer com que meu abraço a traga segurança quando sentir-se perdida. Talvez eu tenha esquecido como é sentir e seja muito inexperiente em fazer-me sentido.Por essas e por outras me sinto menino nesse labirinto em que voluntariamente entrei.
Já me disseram que olho pra ela como se meu dia dependesse daquilo; já me surpreenderam mudando o jeito de falar quando falava dela; já estou tendo que escrever pra sondar o lugar que pra ela montei e cuido com tanto cuidado dentro de mim. Geralmente me sobram as palavras, contudo, agora não mais se fazem necessárias. É como se nos abraçássemos no centro de um furacão, onde tudo é quieto, pacífico e ironicamente seguro. Sim, num lugar onde o caos delimita a paz, o nosso estar ali, em nossa dança de almas, já diz tudo.
Por fim, ainda tenho a dizer que ainda nos restam muitas ruas para adotarmos nesta cidade.