Ser simples Quando olho a cidade vejo a... Lorranne Gomes
Ser simples
Quando olho a cidade vejo a imensidão de vidas largas e descontinuas em tempos e espaços distintos...
Gosto das frutas do mercado e do movimento dos carros que me envolvem a audição.
Gosto da chuva da enxurrada e do asfalto de paralelepípedos.
De manhã o céu acorda e nos diz é hora!
Nos atropelos: a vida!
Cada momento vai passando diante nossos olhos e nos pergunta: quem é você? No que se tornou? Até onde irá?
Todos os dias as obrigações nos invadem e o medo constante de perder a alegria pode não ser aparente, mas existe.
E roubam muitas vezes nossos gestos de carinho, nossos afagos, nosso dom de cuidar do outro, pois na verdade, no vocabulário do homem moderno a frase central é: não há tempo, não tenho tempo.
Seguidos por relógios, caminhamos a passos rápidos e largos sem saber onde vamos parar.
De não beber água, não comer bem, não dormir o suficiente nosso corpo sente.
De não ter tranquilidade física e mental nosso corpo sente.
Que consciência temos da vida?
Assim, sentimos abarrotados no vazio que muitos tornam a existência.
Gosto das flores da primavera e aprecio o frio do inverno.
Gosto do sol quente e da brisa leve que o vento traz.
Gosto de estar com a família, com os amigos e conhecer gente nova nas caminhadas.
De lá para cá, sou eu, é você, somos nos...
Sujeitos do mundo moderno entre as reflexões de Clarice Lispector e o fantástico mundo de bob, onde moram as coisas descartáveis.
Ser simples no tumulto da vida.
Ser simples para encarar a dor.
Ser simples,
Resta-nos ser simples.