ASSASSINARAM O PORTUGUÊS A... Marco Felipe
ASSASSINARAM O PORTUGUÊS
A comunicação é um fator humano que não se mantém estática no tempo, transforma-se na medida em que o homem sente essa necessidade de mudança. Basta lembrarmos da palavra que alguns usam como cê, que aqui em Minas se diz ocê, que na verdade veio lá dos portugueses como vossa mercê, chegou no Brasil como vós mercê e se transformou em você. A língua é viva, dinâmica e esta sempre em movimento. A leitura e a escrita estão intimamente ligadas.
A linguagem virtual está presente na sociedade como forma de comunicar-se desde o advento da Internet. Criou-se um novo dialeto próprio, o dialeto digital, uma nova maneira de comunicação mais dinâmica, mais diminuta, onde quase tudo se abrevia, encurta-se para ganhar tempo (vc, mto, qdo, td, lol, kd, vdd, vlw, s2, rsss, kkkkk). Se você conseguiu traduzir essas palavras considere-se digital. Escrever assim é fazer parte da construção de uma nova cultura colaborativa.
O universo da Internet é terra de ninguém, onde qualquer um pisa e se expressa como bem entende. Há uma forte desconstrução linguística onde a norma culta é deixada de lado, para a construção de uma nova diversidade linguística, mas isso criou um preconceito linguístico.
Português não é uma língua que se escreve exatamente como se fala, tampouco se escreve como se ouve, apesar de que muitos pensem assim. Muitas pessoas acham que por estarem na internet podem escrever de qualquer forma, escrever textos cheios de erros ortográficos e gramaticais, assassinando o nosso português com vícios de linguagem (menas, mendingo, prestenção, num sabe, iscrevi, min adiciona, axava, encinar, atrapaia, cem nosaum). “Xega né! Não mim juguem mau.”
Na Internet nos deparamos com o Brasil verdadeiro, escrachado, onde lá encontramos todas as classes sociais, todas as raças, todas as cores, todas as crenças, todos os sons, todos os níveis, do semianalfabeto ao graduado, todo mundo num mundo só.
Daí eu te pergunto: realmente importa que a pessoa se expresse sem erros de português, porém com palavras sem peso, valor e sentido ou é melhor que ela expresse espontaneamente suas ideologias e convicções fora da norma culta? O nível de escolaridade e a forma através da qual uma pessoa se expressa é irrelevante frente ao conteúdo que ela pode agregar ao nosso aprendizado.
Escrever errado decorre da falta de leitura. Ajudaria muito se lêssemos mais livros, o hábito de ler sempre nos traz inúmeros benefícios. Falta esse contato maior com o livro, com a letra, com a literatura.
Hoje se uma criança ganhar um livro ela vai perguntar: onde liga o livro, onde fica a tela touch, se o livro fala pra gente.
A leitura de um bom livro é um exercício diário.
Estimula o cérebro, a imaginação.
Facilita a concentração.
Nos deixa mais cultos.
Enriquece o nosso vocabulário com palavras novas.
Fixamos melhor as regras gramaticais e concordâncias verbais.
Já a preguiça de ler é um mal dos tempos modernos.
À medida que nosso tempo fica mais corrido, procuramos algo mais superficial e mais objetivo, mas às vezes falta informação para completar o raciocínio. Claro que também influi a maneira como o escritor discorre sobre determinado assunto, como a leitura prende a atenção do leitor despertando o interesse para que ele leia até o fim.
O brasileiro não tem o hábito de ler, cerca de 40% da população leu algum livro no ano passado, a maioria escolhe um livro para ler seguindo esse passo a passo:
- Olha se a capa é chamativa;
- Lê a sinopse nas costas do livro;
- Olha a espessura do livro;
- Folheia bastante;
- Olha o tamanho das letras;
- Se tiver gravuras é bom;
- Só depois resolve se leva ou devolve para a prateleira.
Estamos ficando sem conteúdo, vazios como vaso oco, criando um vácuo intelectual enorme devido à correria dos tempos modernos. E isso reflete negativamente no Enem, numa entrevista de emprego, na criação de uma redação ou de um email formal, etc.
Não estamos aqui para julgar, muito pelo contrário, que sirva apenas para alertar-nos devido ao fato de que não prejudique nossa busca de conhecimentos mais profundos, da formação de nossa opinião e visão macro de mundo. E não culpe os professores pelo seu desinteresse na leitura por favor hein. Perdoem-me por eventuais erros ortográficos e gramaticais.