Pobre, negro e gay, eu estava lançado... Kelvin Valentim
Pobre, negro e gay, eu estava lançado à própria sorte, enfileirado diante ao hostil tabuleiro como a mais frágil peça de um jogo de xadrez. Todavia, eu não estava jogando para ser capturado pelo time adversário e, sendo assim, ao tocar a oitava linha do extremo terreno rival, tornei-me uma rainha por mérito da minha própria estratégia. Mas quem disse que você precisa ser uma rainha para ser respeitada? De onde emanaram tantas certezas do que é ser bonito ou ideal? Uma rainha pode caminhar até onde ela quiser, mas são as torres que possuem movimentos especiais para servir ao rei, são os bispos que, exclusivamente, podem combinar a própria cor com as cores de suas casas e são os cavalos que, mesmo em seus quatro trotes, podem desviar da linha reta. Logo, por mais ínfimo que te façam sentir, lembre-se que peões sempre estarão em maior número e nada impede que, esses, destronem o rei. Ou seja, quem você é, precisa ser o bastante, e a todos aqueles que defenderem uma ideologia contrária a essa, deixe-os dentro da caixa; lá estarão confortáveis com suas rasas limitações de quem nem subiram ao jogo por medo da derrota.