"Hoje me vejo na vida como alguém... Lorena Queiróz
"Hoje me vejo na vida como alguém que chegou em um patamar muito distante do inicial. E já alerto que isto não é necessariamente bom. Percebo que minha calma hoje é curta, e eu não sinto mais a paciência pulsar, é como se uma parte de mim tivesse morrido, ou pelo menos estivesse cansada e dormiu. Eu tenho me esforçado para retornar ao rumo que me trazia paz, e tenho lutado ao mesmo tempo, são muitas flechas e pedras, e meu castelo está cercado, eu posso me calar e respirar fundo mais uma vez, assim como posso devolvê-los suas munições. Talvez tenha chegado a hora de ser alvejada, talvez seja o tempo de alvejar. Apenas suplico que não seja condenada, pois para todas as coisas há tempo, e este deve ser o meu tempo de não aguentar.
Há coisas que me alimentam como combustível, e há outras que me intoxicam como um veneno poderoso. Ultimamente os dois têm tido sabores semelhantes, ou o meu paladar não sabe de mais nada também, assim como eu. A questão é que o mesmo combustível que alimenta, provoca combustão, assim como remediar-se em excesso mata, o próprio veneno às vezes nos é antídoto. Com isso aprendi sobre dosagem. Por muito tempo fui brisa calma, maré tranquila, e isso já era demais, brisas muito calmas nos deixam preguiçosos, e maré tranquila demais não nos faz bons navegantes, mas, apenas navegantes tranquilos e despreparados para quando a maré subir e o mar agitar. Dosagem. Esta palavra tem ecoado em minha mente, e eu que sempre ignorei os meus ecos, vi o tempo de os considerar."