ÚLTIMA PARADA (LARA FLORES) Sentir ou... Lara Flores

ÚLTIMA PARADA (LARA FLORES)

Sentir ou não sentir a onda que passou: eis a questão?
Não. Dizer que entendo é mentira.
Não posso fazê-lo.
É muito simplório. Reles opinião.

Não há nada que me faça compreender.
Se foi um furacão que te trouxe,
Um caminhão me atropelou para me separar de você.

Ou, talvez, seja só a inevitável verdade que tantas vezes quis esquecer:
Não tinha por que terminar?
Nem começar, nem acontecer.

Hoje, ficaram sim algumas dúvidas, páginas amassadas e muitos apertos no lugar daquele coração que disparava ao ouvir o som da voz, da risada, do andar.

Ah! O bolo caçarola!
O perfume gostoso!
A vontade de deixar rolar...

Mas hoje as janelas estão fechadas e as palavras não ditas.
Não há mais visto por último.
Quantas vezes me perguntei se alegria daquelas conversas foi mesmo esquecida...

E as respostas?
Bem, não importam
Não as quero mais.

Se antes não sabia se era pra esquecer ou lembrar,
Atual e certo é que fui boba sim, me envolvi, me apaixonei, muito sofri sozinha
E hoje quero só apagar.

Não. Não era só o certo pelo duvidoso.
Era imaginário. É silencioso.
E o silêncio é também cortante,
Congelante e sempre a me ignorar.

Não. Não posso mais ocupar meus pensamentos com tudo isto.
Nem mais me perguntar como ou onde irá parar.

Se dependia de mim, eis então o ponto final:
A última e feliz parada deste ônibus desgovernado.

Entenda apenas que não me amar não é desfeita.
Não me querer, não me desejar, é antes me poupar de problemas presentes
E sobretudo futuros.

Não sei brincar disto e talvez nunca vá aprender,
O que sempre será ótimo para mim:
Preservo o que conquistei a duras penas
E que fiz valer a pena viver.

E assim, sigamos então os nossos caminhos independentes por ai.

Sim, sim, sim!
Decidida e oficial despedida, enfim...