Crimes de intolerância e a liberdade... Bruno Fernandes Barcellos

Crimes de intolerância e a liberdade que ofende.

Ser livre é uma definição muito ampla e pode variar de acordo com os valores e circunstâncias de cada pessoa, e sabemos que a liberdade plena não existe.

Mas é possível usufruir de alguma autonomia sobre as nossas escolhas, desejos, prazeres e sonhos, desde que consigamos "bancar" isto.

Bancar financeiramente, bancar socialmente e acima de tudo, bancar psicologicamente, enfrentando os atravessamentos que questionam estas escolhas, desanimam, apontam erros ou até pecados.

Desta forma, aquelas pessoas que persistem em sua autonomia podem ofender intensamente aqueles que não "bancam" uma vida autônoma e optam por uma vida enquadrada, emoldurada por algum padrão filosófico/religioso/moral de conduta.

Pois se enquadrar é abrir mão de um grande percentual da liberdade em busca de algo, seja segurança, aprovação, salvação, reconhecimento...

Assim vemos que muitos crimes de intolerância são motivados por um sentimento de ofensa, e não se limitam a questões religiosas, pois machismo também é dogma e atravessa dos religiosos aos ateus.

O que ofende é que eles podem.
Que estas pessoas demonstram com seus atos um desinteresse nas tradições, nos dogmas. Elas não limitam suas vidas ao que esperam delas, elas vão além e fazem suas escolhas, bancam suas existências para além das molduras, e isso muitas vezes ofende aos encaixotados, que vivem suas vidas em armários, tentando esconder suas fantasias, seus desejos, seus próprios conflitos e optam pela falsa anestesia da segurança ao conflito da liberdade.

E quando um outro banca sua liberdade, vive suas escolhas, mostra que esta vida é possível e involuntariamente promove em alguns um colapso na estrutura de segurança deste sistema de opressão dos sujeitos, que para sobreviver busca a eliminação das diferenças, afundando todos em um mesmo buraco.