Estou meio perdida. O meio é eufemismo,... Ângela Beatriz Sabbag
Estou meio perdida. O meio é eufemismo, pois sempre foi meu costume tentar minimizar o que é desagradável.Então que seja, estou perdida e meia e não é a primeira vez que isso me acontece. O que parece ser diferente é a intensidade da dor e do abatimento que me acometeram dessa vez.
Me tornei princesa, e meu reinado não durou apenas alguns minutos como no caso da mais recente Miss Universo, que ao ser proclamada como tal, logo em seguida soube que na realidade era a segunda mulher mais bonita do universo, pois o apresentador do certame houvera se equivocado ao ler os resultados.
Pois bem, também não fiquei com a minha coroa o tempo que sonhei ficar, mas nem por isso o que vivi por conta de usá-la está me fazendo menos falta.
Tive muitas experiências inéditas, então dá até para o mais ingênuo leitor ter a dimensão da tristeza que estou sentindo, pois essas coisas que vivenciei pela primeira vez estão todinhas atreladas a imagem do príncipe que me encantava.
O Príncipe, que agora suponho até ser o da obra de Maquiavel, foi me enredando na teia do amor perfeito sem pressa, com muito cuidado e paciência, o que me fez compreender que os sentimentos intempestivos podem ter a força de um furacão, mas como os fenômenos da natureza logo passam. Senti o que já vinha pressentindo há algum tempo: o sentimento que vai surgindo, brota, cresce e quando você vê ele está ali, palpável, sólido e muito bem alicerçado.
Oh, dor! Levei um tiro certeiro no peito e estou sangrando de morte...
Por isso estou meio perdida.