O eterno é só um momento. Quando... Bruno Fernandes Barcellos
O eterno é só um momento.
Quando buscamos eternizar algo, estamos nos encantando por um momento presente tão prazeroso que desejamos perpetuar para sempre.
Porém, a vida é um retalho de momentos, alguns prazerosos, já outros de tensão ou sofrimento.
Ao nos vincularmos na promessa de uma eternidade qualquer, criamos dois laços, um que nos faz usar este momento como parâmetro para todos os outros e se marca como ponto ideal de felicidade. E o outro laço é a cobrança que colocamos sobre nós e sobre as pessoas que enxergamos responsáveis por esse momento mágico.
O "para sempre" ao longo do tempo vai deixando de ser uma declaração de amor para uma imposição de amor.
Ou me ama como aquele jeito mágico dos primeiros dias ou não serve mais.
E como tudo na vida sempre pode piorar, há ainda quem torna a paixão um modelo de vida, no qual um sujeito, menino ou menina, define para si o estado apaixonado como padrão.
E então passa a ser o que eu chamo de "seriallover", buscando paixões, sem dar chance de construir alguma relação mais profunda e realista, pois se comprometeu com o "eterno" ou "para sempre" que infelizmente dura pouco. São pessoas que buscam relações intensas de frenesi, em que o outro é tão desconhecido que parece ser perfeito.
A maioria de nós já viveu algo assim, mas quem apanhou um pouquinho sabe que isso passa... Porém, o "seriallover" se nega a dor, se nega a queda na falha das relações, nas imperfeições do outro e assim apenas troca de parceiro para manter o encantamento.
Na lógica destes "seriallovers", se o parceiro ou a parceira começa a deixar de ter graça, ficamos com a graça e trocamos de parceiro (a).
Mas em geral, quem sofre é o outro, que cai nesta rede de encantamento enquanto o "seriallover" já seguiu adiante, na verdade não saiu do lugar, apenas trocou o parceiro mas manteve o momento eterno de felicidade e completude.
Afinal, o eterno é apenas um momento bom.