Não é temor, é amor! Desde criança... Lais Iemma
Não é temor, é amor!
Desde criança era do tipo serelepe, vivia com sorriso no rosto e querendo brincar o tempo todo, era do tipo sonhadora também, fechada em meu mundo mágico!
Cresci e tudo começou a ter um significado muito mais filosófico e intenso, comecei a questionar os livros, as novelas e tudo o que foi embutido, embora tivesse prazer em viver, alguns receios me tomavam conta e a realidade algumas vezes se mostrou assustadora nessa época!
Já adulta, por muito tempo, acreditei que fiquei obcecada pela morte, pois a cada momento eu pensava que um dia eu iria deixar tudo o que eu conhecia como "vida" para trás. Consequentemente era obcecada pela morte de pessoas queridas também, olhava para elas como quem dizia a cada instante: "sem vocês meu mundo será mais cinza".
As pessoas diziam que eu tinha medo de morrer, que o pânico me dominava!
Eu acreditei que tinha, elas estavam certas,pois meu corpo pesava e tudo se tornou um fardo.
Eu era apegada a morte, eu temia ela, eu temia tudo, até cheguei a me temer!
O que aconteceu então com aquela garotinha sonhadora?
Depois de 3 décadas, em uma espécie de epifania na madrugada, me dei conta que minha obsessão não era a morte, era a vida...
Nasci intensa, minha alma sempre vibrou feito luz fluorescente, minha mente sempre esteve a frente, eu sempre tive sede e queria sugar o máximo de tudo o que era vivo, de tudo o que existia,eu amava o novo!
Não é medo da morte, é amor a vida!
Eu sempre amei a vida só me perdi na hora de deixá-la desabrochar...a realidade do que me foi passado quando era criança se chocou com o que enfrentei quando adolescente, me bloqueou porque era outra! Eles me diziam que felicidade era estar sempre sorrindo,era isso que eu via isso nos comerciais...
Mas a felicidade está na valorização das coisas, até dos momentos tristes, assim como o claro e o escuro,
a felicidade e a tristeza, a vida existia nas dualidades, elas se completavam!
Porque demorei tanto tempo para associar uma coisa a outra? Eu não temo a morte mais do que amo a vida, quando amamos dói, as vezes nos da angústia, nos da medo,
por ser algo infinitamente lindo, nós somos mesquinhos e não queremos perder, não queremos deixar ir, isso é natural!
Essa tal ânsia pela vida, é uma delicia!
Quando me dei conta do tanto que valorizava o "estar viva", tudo foi ficando mais calmo, foi se encaixando feito quebra cabeça, eu só precisava me desapegar, eu só precisava ver o quão estava sendo egoísta, só precisava deixá-la fluir...
Hoje me sinto leve, aprendi a domar minha intensidade, agora minha alma não só vibra,mas viaja feito pluma, o vento e a vida me levam!
A vida só é bonita porque é efêmera, só é valiosa porque é delicada e todo medo vem da necessidade instintiva de proteger algo que nos foi dado e que sabemos ser grandioso!
Hoje deixo que o destino se ajeite, recebo tudo de braços abertos, abraço o mundo , abraço a vida!
O desapego é a lucidez de que tudo que vive morre um dia e não há nada o que possa ser feito. Esse é o segredo para voltar a caminhar como quem anda nas nuvens.
Não temos o controle da morte, mas somos nós que estamos no controle da vida!