Réquiem do sol A clepsidra desbotada... Pablo de Paula Bravin
Réquiem do sol
A clepsidra desbotada absorve minha solidão
O doce silêncio ascende minha alma solar
O vento e as nuvens turvam sensorialmente o ar
Nas lendárias memórias do insensato coração
Os deuses conspiram contra o amor e a doçura
Ateiam fogo nas bandeiras da paixão e da ternura
Reis, principados e tronos anseiam a morte trágica do poeta
Que existe porque a saudade sublimemente o desperta
Na mítica argila, o rabisco de Macha reluz o intrépido trovão
A estatueta ametista sinfoniza as inapagáveis e imaculadas resplandecências
Ao norte, o vento escarlate desenha a impetuosa perfeição
Canonizado, o ninho dos fantasmas descortina as prumadas transcendências
Tu és meu livro memorial, minha estante de sumptuosas recordações
Eu sou sua metade, seu pedaço pelo destino outrora roubado
Seu castelo de tristezas, gritos, prantos, lamentações e fado
Quero entregar-lhe desejos, sonhos, fantasias, desígnios e sensações
Fragmentados nas infinitas camadas do lúdico carrossel dourado
Consubstanciados na homérica galáxia do sagrado paraíso constelado